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Tóquio-2020 é delas: pela primeira vez na história, mulheres igualam participação em olimpíadas

Rebeca Andrade brilha em Tóquio com 1° ouro da ginástica artística feminina do Brasil (Miriam Jeske/COB)

“Serão sempre imitações imperfeitas”, assim se referia às mulheres o idealizador dos Jogos Olímpicos da Modernidade quando, pela primeira vez na história, se discutia a participação feminina na competição esportiva mais importante do mundo. Para desgosto do francês Pierre Frédy, o Barão de Coubertin, a chegada das mulheres às olimpíadas ocorreu justamente na edição dos Jogos em sua casa, em 1900. 

A alegação de Pierre para tentar barrar a participação do gênero era de que o corpo feminino foi feito para maternidade e não para competições esportivas. De “persona non grata” nas Olimpíadas da Grécia Antiga e contrariando o machismo estrutural que perpassou também os Jogos Olímpicos da Era Moderna, as mulheres foram conquistando o seu espaço no esporte de alto rendimento e, especialmente na Tóquio-2020, têm assumido o protagonismo dos jogos. 

A primeira participação das mulheres em Olimpíadas

Nem assistir, quanto menos participar. Nas Olimpíadas da Grécia Antiga a participação das mulheres era totalmente proibida tanto nas competições, quanto nas arquibancadas. 

Nem mesmo na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Modernidade, que aconteceu em Atenas em 1896, elas eram bem-vindas. 

Foi apenas no início do século passado que as mulheres começaram a fazer parte da história dos jogos olímpicos, mas com participação mais do que discreta. As Olimpíadas de Paris de 1900 tiveram somente 22 representantes do gênero, apenas 2,2% do total de atletas participantes. 

Ao longo dos anos, a proporção de mulheres nos jogos olímpicos foi crescendo de forma gradativa e, pela primeira vez na história, 125 anos depois dos primeiros jogos da Modernidade, a quantidade de atletas homens e mulheres é equivalente, com cerca de 50% de participação de cada gênero. 

As mulheres brasileiras na Tóquio-2020 

Na edição histórica que vai ficar marcada pela pluralidade, as atletas brasileiras têm igualado os homens, mais do que em participação, nas conquistas de medalhas para o país. Primeiro, com Rayssa Leal no skate, a fadinha de apenas 13 anos que conquistou a prata e emocionou a todos tornando-se também a atleta brasileira mais jovem a subir num pódio de olimpíadas da história.

Depois, foi a vez da ginasta Rebeca Andrade, 22 anos, escrever a sua história em Tóquio e na história da ginástica mundial. Depois de faturar prata no individual geral e se tornar a primeira brasileira medalhista olímpica na ginástica artística, ela conquistou também ouro no salto – tornando-se a primeira brasileira a ganhar duas medalhas em uma mesma edição olímpica

As mulheres também mostraram a sua força dentro do tatame. Depois de conquistar o bronze na capital japonesa, a judoca brasileira Mayra Aguiar, 29, se tornou a primeira atleta brasileira a conseguir três medalhas olímpicas em esportes individuais. A gaúcha já havia conquistado medalhas de bronze na Londres-2012 e Rio-2016. 

Nas quadras, as brasileiras também fizeram história. A primeira medalha olímpica do tênis brasileiro foi conquistada por uma dupla de mulheres: Laura Pigossi, 26, e Luisa Stefani, 23, que subiram ao terceiro lugar do pódio depois de vencerem a dupla russa de Elena Vesnina e Veronika Kudermetova por 2 sets a 1 (4/6, 6/4, 11/9).

Nas águas, elas também foram dominantes. Com uma largada excelente, Martine Grael e Kahena Kunze administraram com tranquilidade a briga com as rivais e conquistaram, na baía de Enoshima, a medalha de ouro na classe 49erFX de vela. É o bicampeonato da dupla que já chegou a Tóquio como favorita.

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